Teatro

Um poeta hiperbólico na pele de Alexandre Coelho

Ator, diretor e clown radicado na Espanha volta a Pelotas, depois de 11 anos, com seu mais novo espetáculo cômico

Divulgação - DP - Artista pelotense escreveu os poemas recitados pelo personagem Celestino González durante a pandemia

Há 11 anos sem se apresentar em Pelotas, o ator, diretor, clown e pedagogo Alexandre Coelho, radicado na Espanha, volta à terra natal para rever família e amigos e para matar a saudade da plateia pelotense. O clown encena o espetáculo cômico/poético Celestino González - Poeta neo-realista e hiperbólico no dia 15 deste mês, às 20h, na Bibliotheca Pública Pelotense. Ingressos à venda na Ótica Max e na Essência da Vida, banca 57 no Mercado Público.

Além do espetáculo, Coelho compartilha conhecimentos em oficina de Clown, no dia 14, das 18h30min às 21h30min, no Theatro Sete de Abril, com entrada pela 15 de Novembro, 560. A proposta é realizar um treinamento que junte formação e criatividade, onde os alunos e alunas participarão na criação e na sua dramaturgia, na expressão da linguagem corporal, no gesto cômico, na interpretação e encenação.

Coelho tem uma carreira longa, que começou na metade da década de 1980, no extinto Teatro do Círculo Operário Pelotense, na época sob o comando de Fefa Recuero. Após passou por diretores como Claudio Penadez, Augusto Boal, Paulo Flores, Gabriel Cosoy (Argentina), Ida Celina, Néstor Monasterio, Flavio Dorneles, Clóvis Veronez, - Ricardo Puccetti, Ana Cristina Colla e Renato Ferracini, do grupo Lume.

Foi em um dos cursos do Lume, em Campinas, que o ator decidiu ser palhaço. Coelho conta que nos intervalos das aulas ficava à sombra de uma goiabeira estudando. De vez em quando uma goiaba caia e fazia um barulho peculiar. "Eu sempre me assustava com o barulho. E quando eu decidi, pensei é isso: Goiaba", recorda de onde surgiu o nome do seu clown.

Posteriormente, Coelho fundou a companhia de clowns Os Estupendos Estúpidos. Participou como ator, durante a sua formação no Brasil, nos grupos Usina de Teatro, Oficina de Teatro, Núcleo de Teatro do Círculo Operário Pelotense e Teatro Benjamim, nas obras A idade do sonho, A noviça, Um homem é um homem, Música para palhaços, Conversas com o senhor Brecht, Pedacinho e Liublliú! (Amo!).

A mudança para a Espanha aconteceu em 2004 com o objetivo de aprofundar estudos na formação como ator e clown. Por lá, estudou com Gabriel Chamé, Pepe Nuñez, Leo Bassi, Julie Goell, Cláudia de Siato e José Piris. "Mantive minha carreira de ator e clown sempre paralela a outros trabalhos, em Pelotas meu trabalho mesmo era de produção. Desde 2005 eu vivo do meu trabalho como maestro de clown, como palhaço no cenário artístico, que é algo muito importante, trabalhar no que amo. Mas tenho ótimas lembranças daí. Na volta ao palco em Pelotas, eu vou estar emocionado, nervoso."

Em 2007, junto a outros sete clowns (formação espanhola dos Estupendos Estúpidos) criou La Estupenda _ Centro de Formação e Investigação de Clown, em Granada. Escreveu roteiros e dirigiu espetáculos como Los ingeniosos hidalgos, La gran noche mortal, El cabaret de la Señora Begbick, Humanum, De la cuna a la tumba, Los cabarets de los Estupendos Estúpidos (bimestrais, durante seis anos), Arrugas modernas e espetáculos criados a partir de cursos de formação de clown.

Orientador e pedagogo desde 1995, em países como Brasil, Itália, França e Espanha. Atualmente é professor de Clown na Escuela Internacional de Mimo y Teatro Gestual Nouveau Colombier, professor de Cuerpo e Movimento na Escuela de Actores Bululú, ambas em Madrid. Professor de clown em Las Palmas de Gran Canaria, onde reside, com formações próprias.

Pausa para o Goiaba

No novo espetáculo, o criador do Goiaba, dá uma pausa na série de apresentações do palhaço para criar uma nova personalidade. Coelho explica que Celestino não é um clown. O personagem se insere na comédia contemporânea como um ser exótico, que toma conta do palco com suas excentricidades. Ele tem uma peruca, um bigodinho, que lembra o de Chaplin, uma certa bipolaridade, tem medo cênico, tem medo dos aplausos e dos risos, o que já o torna gracioso, porém, segundo o ator, é uma graça patética.

"É um personagem estranho, enigmático, mas é também romântico, rebelde, revolucionário, anarquista, um ser cativador, que aos poucos cria uma cumplicidade com o público. As pessoas veem ele e começam a rir, aí o personagem sai correndo. Entra um áudio pedindo que não riam. E eu volto provocando o riso da plateia com a minha", antecipa o ator. Celestino é um poeta e, como tal, apresenta sua produção poética em cena.

Os poemas, que são do próprio Alexandre Coelho, foram escritos durante a pandemia e refletem sobre a solidão, a saudade e as perdas. "Eu perdi um filho em 2016 e o espetáculo foi também uma forma de depurar isso", revela.

As poesias foram publicadas em livros durante o período pandêmico. O artista conta que foi uma das suas fontes de renda, quando todos os espetáculos foram suspensos na Espanha. "Não tinha como atuar, como dar aula, algo muito grave para a classe artística."

O ator antecipa que o texto do espetáculo foi escrito em espanhol e não será traduzido. "São todos poemas verborrágicos, neles faço homenagens aos poetas que embalaram meu berço literário, como Vladimir Maiakovski, Arthur Rimbaud, Stéphane Mallarmé, Paul Verlaine, Charles Baudelaire. Alguns perderiam o sentido se traduzidos e como estamos no Sul, o espanhol não é uma linguagem estranha", conta.

Serviço
O quê: Alexandre Coelho apresenta o espetáculo cômico/poético Celestino González - Poeta neo-realista e hiperbólico
Quando: no dia 15 deste mês, às 20h
Onde: Bibliotheca Pública Pelotense
Ingressos: R$50,00 (inteira) e R$25,00 (meia)
Vendas: Ótica Max e Essência da Vida, banca 57 no Mercado Público
Informações: (53)9842-87126
Produção: Cia. de Dança Afro Daniel Amaro
Realização: Los Estupendos Estupidos




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